"Lutei para escapar da infância o mais cedo possível... logo que consegui, voltei correndo pra ela..."



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Primeiro amor...


Sabe quando, de repente, uns flashs do passado começam a pintar em nossa cabeça trazendo de volta coisas que a gente achava que há muito já estavam esquecidas?
Pois é. Acordei assim hoje.
Abri o portão da minha casa, e enquanto eu ligava o carro e procurava uma música antes de vir pro trabalho lembrei-me de uma cena que aconteceu ali, há mais de 10 anos atrás.
Você se lembra da primeira vez que ouviu um “eu te amo”? Era uma época diferente. Eu era diferente. Estava ali, entregue ao momento, sentada no chão descobrindo a graça de namorar pela primeira vez. De estar apaixonada. Era uma conversa informal. Não me lembro ao certo o assunto, mas lembro-me que estávamos rindo e brincando um com o outro. E de repente ele olhou e disse “eu amo você”. E se assustou com as próprias palavras como se tivessem saído involuntariamente de sua boca. Os risos pararam. Ficou um silêncio típico de filmes de ação, quando a cena principal, onde o mocinho se joga arriscando a vida pra salvar a mocinha, fica em câmera lenta. Eu não lembro o que eu respondi. Nem se houve resposta qualquer. Mas lembro que naquele minuto o tempo parou. O mundo deixou de existir e nada mais importava a não ser nós dois.
Esse pensamento, por um instante, me trouxe uma pontinha de saudade. E eu continuei pensando. Aos poucos fui percebendo que a saudade que eu sentia não era da pessoa, mas sim do momento. Da inocência da minha alma que naquela hora subiu até o céu sem tirar os pés do chão. Da época em que só o sentimento bastava e todo o resto era coadjuvante. Ah, como era bom encarar mundo sem medo do amanhã. Como era bom sentir uma felicidade extrema só por saber que alguém ama a gente apesar de todos os defeitos, de todos os medos, de todo o mundo.
Onde foi que tudo se perdeu? Quando foi que os sentimentos passaram a ser banais e um “eu te amo” significa muito mais um “quero te comer” do que qualquer outra coisa? Quando foi que entrou no meu coração essa insegurança tão grande que não me permite confiar nas pessoas a ponto de não sentir medo algum?
Ahhh como seria bom se todo mundo conseguisse crescer e ainda assim manter a pureza de sentimentos da adolescência. Hoje eu já não me lembro de tantas coisas! Não sei mais o que é dizer pra alguém o que eu sinto sem medo de ser julgada. Não sei mais como é sair no meio da noite só pra dar um beijo em alguém simplesmente por que deu vontade. Eu nem sei mais como é fazer sexo no banco do carro sem me machucar, só me deixando levar pela emoção do momento e sem esperar por uma sacanagem de alguém no dia seguinte... Eu não sei mais o que é esquecer até de comer por estar tão feliz que comer nem era assim “tão importante”!
Eu não sei tantas coisas que antes eu sabia. E ainda dizem que a gente melhora com o tempo? Acho, na verdade, que o tempo só nos torna piores do que realmente somos, por que ele apaga dentro de nós a verdadeira essência da vida, a verdadeira pureza da alma.
Creio que aquela adolescente, boba, ingênua, ainda está aqui dentro, em algum lugar. Ainda parada naquele momento, vendo a vida em câmera lenta. Creio que, um dia, ela possa sair de novo e acreditar que tudo pode dar certo. E creio também, que enquanto nós deixarmos que nossos adultos assumam o controle, o mundo vai ficar cada vez mais chato, triste, e frio...

Por mim mesma...