Eu sempre gostei de contos de fadas.
Passava horas folheando os livros infantis mesmo sem entender uma palavra. Apenas olhava as imagens da princesa, da fada madrinha e do príncipe num cavalo branco.
Como era bom quando alguém lia os livros para mim e página após página meu pijama ia se transformando num vestido de festa e eu podia dançar a valsa com o travesseiro.
Mas a gente cresce, e a magia vai sumindo aos poucos. Tiram a nossa ilusão. Fazem-nos acreditar que nada disso existe. Que a princesa tem que fazer dieta, ir pra academia, cortar os cabelo, estudar e trabalhar. E que os sapos são a nossa única opção, pois príncipes encantados entraram em extinção há mais ou menos uns 200 anos.
Ta, tudo bem. O mundo real também não é tão ruim, embora não tenha nada de magia. Bola pra frente! Vamos viver o mundo do jeito que ele é e engolir todos os sapos que ele nos mandar. Vai ver um dia apareça um que prefira um restaurante francês ao invés de caçar moscas na lagoa!
Eu acreditei nisso. E vivi muito tempo com os livros guardados num baú empoeirado.
Por muitos anos eu busquei os sapos.
Conheci pessoas que me desapontaram. Conheci pessoas que foram embora sem dizer adeus. Pessoas que ficaram e fizeram tudo errado e outras que quiseram ficar e eu mandei embora.
Talvez eu fosse exigente demais. Mas a verdade é que nada me tirava o fôlego.
O curioso é que no fundo eu nunca desisti. Entreguei o meu destino nas mãos de Deus, afinal, diziam que era Ele que decidia tudo, então me parecia inútil tentar buscar por minha conta. Pra ser bem sincera, eu achei que ele nem teria tempo de se preocupar com o que eu queria no meio de tantos problemas sérios que tem no mundo.
Mas foi quando eu menos esperava que algo estranho aconteceu. Conheci alguém. Parecia só mais um sapo. Mas não era um sapo qualquer.
Tinha algo de familiar, mas eu não sabia o que era. Também não me prendi muito a isso. Era impossível que eu já tivesse conhecido ele em outra ocasião e não me lembrasse. Tenho boa memória para rostos e nomes.
E o tempo foi passando.
A cada dia uma nova surpresa. A cada encontro um novo encanto. E as coisas foram acontecendo mesmo contra a nossa vontade.
Certo dia, eu abri o velho baú. E comecei a percorrer as páginas dos meus livros antigos. E para minha surpresa, lá estava ele andando num cavalo branco, tirando a princesa da torre, matando o dragão e resgatando sapatinhos de cristal.
Então eu me dei conta que as pessoas mentiram pra mim. Que príncipe encantado existe sim. Ele só não usa aquelas roupas “bufantes” e “espalhafatosas”, nem tem coroa ou cavalo branco. Mas ele existe! E o mais importante. Ele é exatamente como a gente quer.
Eu me dei conta de que Deus, no meio da bagunça do mundo, ouviu cada palavra minha e anotou na sua lista todos os meus requisitos. E atendeu com maestria!
Não faltou um item se quer. Pra falar a verdade tinha até uns adicionais que eu nem havia pedido.
E assim eu descobri que eu conhecia ele há muito tempo. Não era de outra vida (eu nem acredito nisso), nem de uma festa, nem de um evento em comum.
Eu conhecia ele era dos meus sonhos - sonhos que eram meus, mas que eu ainda não conhecia...
Pra matar a saudades do blog... estou de volta! =]